sexta-feira, 14 de maio de 2010

"quem pariu mateus..."

"... que balance!!" diz o ditado. e eu sempre ouvi essa frase, desde quando eu ainda nem pensava em ter meus filhos. lá em casa sempre foi dito e repetido. reprovando alguma série na escola, ia pra o colégio público. se não entrasse no vestibular na universidade pública, ia ficar sem estudar, "porque ninguém é parente dos jereissati". se tivesse filhos, que se preparasse pra cuidar, porque minha mãe sempre disse "já criei os meus."

e eu nunca pensei em ter meus filhos e deixar com ela. nem com sogra. apesar de hoje ser normal, não acho certo a pessoa ter um filho e deixar com a avó pra ir pro trabalho, pra ir pras festas ou pra qualquer outro lugar. uma vezinha que seja, uma exceção, normal. o que eu não gosto é dessa "profissão" de avó que eu vejo muitas senhoras abraçando nos dias de hoje, enquanto suas filhas, jovens, mas não menos senhoras e mães de família vivem como mocinhas solteiras.

pois bem. dessa vez, me safei. não mordi a língua. pelo menos, não ainda. vou e volto pra mossoró toda semana e carrego minha cria a tiracolo. chego do trabalho e fico com ele até que ele adormeça. acordo de madrugada e dou seu leite, acalento, troco fralda, trago pra minha cama quando ele está com dificuldade pra dormir, me desacomodo, passo a noite meio em claro, meio dormindo, acordo moída e começo tudo de novo. aceito com alegria quando minha mãe vem passar uma tarde conosco. levo sempre o igor à sua casa aos domingos e ela me ajuda muito. porque ela sempre disse que ia me ajudar. o que ela nunca ia fazer era assumir meu filho como se fosse dela. abdicar de sua vida para educá-lo, como se fosse a mãe.

é... mas os posts desse blog sempre são sobre algo surpreendente que a maternidade me ensinou, né? pois é. dessa vez, a lição é para ela, minha mãe. ela que mordeu a língua quando, poucos dias antes de eu voltar a trabalhar, me pediu pra deixar o igor com ela. eu, surpresa, perguntei: e se eu deixasse, tu cuidava? ela nem respondeu. mas o ditado nunca mais foi o mesmo depois daquela risada que ela deu. sei que, embora implicitamente, agora se diz: "quem pariu mateus que sente no meu colo, pra eu balançar os dois!"

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