quinta-feira, 29 de abril de 2010

o primeiro aniversário

nesse assunto aqui, eu tô mordendo a língua com toda a força!

sempre, desde que eu me lembro de mim mesma, eu critiquei aniversário de criança comemorado em buffet, com toda a pompa e circunstância, com gastos astronômicos e tudo mais.

porque eu acho que a criança ainda não entende nada do que está acontecendo em volta, porque eu acho que ela ainda não tem amigos pra serem convidados e a festa acaba sendo muito mais para os adultos do que para as crianças, porque os temas de festa ainda não são compreendidos pela criança, que não escolhe nada, porque todos os meus aniversários sempre foram comemorados em casa, porque, porque e porque. mil razões.

então, é claro que eu sempre pensei em comemorar o primeiro ano de vida do igor em casa, com um bolo e uns salgadinhos, docinhos e lembrancinhas que eu mesma ia fazer. uma coisa bem low profile e intimista, totalmente compatível com a idadezinha dele e o meu pensamento.

pois é. pensei. calculei. pesquisei. cotei. me ferrei.

tendo meu filho nascido em setembro e sendo esse ano eleitoral, minha vida vai estar uma correria sem tamanho na época do aniversário dele, o que dificulta muito o tom "feito por mim" que eu queria que a festinha dele tivesse.

não tenho a menor condição de receber, em casa, a quantidade de gente que precisa ser convidada pra essa festa. mesmo reduzindo, enxugando, cortando daqui e dacolá, a lista simplesmente se recusa a contar menos de 90 convidados, entre mães, filhos, babás etc. minha família é grande, a do victor também. mas a minha, pelo menos, é toda intrigada. a dele, além de enooooorme, ainda tem a desfaçatez de ser unida. aí, já viu. chamou um, tem que chamar todo mundo!

além disso, as coisas estão muito caras. comparando o orçamento que o buffet me deu com os orçamentos da festa em casa, a única diferença é que eu ia morrer de ter trabalho e preocupação. só. fazer uma festa em casa, hoje em dia, não significa economia, a não ser que você seja muito prendada e consiga cozinhar tudo o que as pessoas vão comer, tenha mesas e cadeiras pra todo mundo e a mesma infinidade de taças, copos, pratos, talheres, toalhas de mesa, empregados e ajudantes.

comecei a pagar a festa dele em março, pedi pra parcelar até a semana antes do evento e ainda tive que ouvir da gerente do buffet que o valor era "tão-pouquinho". só se gerente de buffet agora ganha tão bem assim. pra mim, uma festa que vai custar 1/3 do meu salário, é cara o suficiente para ser parcelada em muitas vezes. e é porque eu mandei cortar os 6000 balões extras que ela queria incluir no pacote "pra-ficar-tudo-bem-bonito-e-colorido" e não vai ter bebida alcóolica, afinal, a festa é infantil.

com os quatro filhos que eu desejo ter, se eu for entrar na onda do que eles tentam nos empurrar, cientes da vulnerabilidade das mães diante dos olhos brilhantes de uma criança, daqui a pouco, todo ano eu deixo o valor de um carro (não popular) na mão dos buffets, só pra comemorar aniversário.

e, na boa, eu prefiro uma festa mais simples e uma vida mais confortável.

sábado, 24 de abril de 2010

O parto

Quando Eva comeu a maçã, Deus, como castigo, sentenciou: parirás com dor. Assim, desde que o mundo é mundo, gostando ou não de maçã, as mulheres têm tido bebês ao embalo de cólicas fortes e contrações dolorosas. Com o advento da anestesia e a popularização do parto cesáreo, isso parece coisa do passado. Em muitos dos círculos nos quais convivo, me sinto um ser de outro mundo, ao dizer com simplicidade que ganhei meu filho através de um parto vaginal. Para uns, sou uma heroína. Outros me veem como uma selvagem que opta por algo antigo, arcaico e arriscado, abrindo mão de hora marcada, conforto, conveniência e, claro, ausência de dor.

Eu sei que esse aqui é apenas o primeiro de muitos posts que ainda quero escrever sobre o tipo de parto que escolhi. Então, neste, peço licença para não me alongar sobre questões outras que não a dor do parto vaginal, certo?
Então, como eu ia dizendo, desde que o mundo é mundo... pelo menos, desde que o meu mundo é mundo que eu sempre ouvi dizer que qualquer coisa que acontecia de ruim “só não era pior do que a dor do parto”. Na minha cabeça, sempre, sempre, o parto doía e muito. Mas minha mãe sempre dizia: “é uma dor esquecida”. Ou: “é uma dor boa”.

Se você está esperando ler que eu me enganei com a dor, sinto muito decepcionar. Dói mesmo. Dói muito. No meu caso, que, ainda por cima, tive que tomar a tal da indução (porque, embora com bolsa rompida e contrações ritmadas, o Igor estava com o cordão laçado no pescoço e ficamos com medo de ele sofrer), a dor foi uma loucura, porque estava normal, suportável e, assim que tomei a injeção, comecei a sentir umas dores duzentas vezes mais fortes!! Se, no começo, eu conversava, me abaixava, fazia força e tentava ajudar o bebê a sair, na hora da contração, depois da indução, tudo o que eu conseguia fazer era me contorcer e segurar os gritos que eu tinha vontade de dar. Isso até chegar a uns 5cm de dilatação. Daí pra frente, nem os gritos eu controlei mais. A dor era grande demais.

Mas minha mãe tinha razão. A dor não deixa lembrança alguma. E, ao contrário de todas as outras que eu já senti na vida, incluindo aí as dores emocionais, é uma dor tão feliz, tão animada, tão maravilhosa, tão especial, que, ao final do parto, olhei pro meu médico, agradeci e disse: tchau, doutor! Ano que vem, eu venho aqui fazer um escândalo maior ainda, pra ter o segundo!!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

a volta ao trabalho

(ATENÇÃO: se você é do tipo que veste a carapuça e não sabe lidar com isso; se você é feminista e abomina qualquer atitude que lembre as mulheres de atenas; se você vai ficar com raiva do que estou expondo aqui como opinião pessoal NÃO CONTINUE LENDO ESSA POSTAGEM. clique no botão com um "X" ali no canto superior direito dessa página, tome uma água gelada e volte aqui só semana que vem, quando eu já deverei ter escrito sobre outro assunto menos polêmico, tá?)

depois de quase sete meses do nascimento do igor, eu voltei a trabalhar há 10dias. a retomada das atividades, no meu caso, implicou em muito mais do que o que acontece com a maioria das mães: como trabalho em outra cidade, tive que alugar apartamento, me mudar, deixar marido, mãe, família, a cidade que amo e na qual sempre morei por opção. o bebê veio comigo e fica em casa com a bia, em quem confio integralmente quanto ao tratamento amoroso que dedica a ele.

pois bem. não fosse por esse fato de mudar pra outra cidade, acredito que eu iria encarar meu primeiro dia de trabalho depois da licença maternidade com a maior naturalidade do mundo. pois, mesmo com tudo isso, não chorei, não houve drama, não fiquei na repartição contando os minutos pra voltar pra casa ou ligando de cinco em cinco minutos pra casa para saber do bebê e choramingar uma saudade sem fim.

para falar bem a verdade, voltar a produzir, a ver pessoas, a ser útil de alguma forma em termos profissionais e sair de casa todos os dias por algumas horas me trouxe um sentimento muito bom. é claro que, podendo, eu ficaria mais sete, quatorze, quarenta e nove meses em casa, esperando o marido para contar todas as novidades do dia do nosso filho tão amado.

mas o que eu quero dizer é que a volta ao trabalho não está sendo, para mim, o bicho de sete cabeças que sempre vi pintado nos depoimentos da maioria das mães com as quais convivo.

razões para isso? muitas. vamos a elas.

a primeira eu já comentei acima: tenho uma pessoa em quem confio muito e que cuida muito bem dele. isso garante a tranquilidade de sair às 7h40 e voltar às 15h20 sem o fantasma do abandono do filho à própria sorte. a bia me faz muita raiva com outras coisas, mas ela eu não vendo, não troco e não empresto.

a segunda é que meu trabalho é muito bacana. apesar de ser uma atividade burocrática, como servidora da justiça eleitoral, não tenho muita encheção de saco, pressão... consigo até vir em casa, rapidinho, na hora do almoço. chego, engulo a comida, dou um cheiro no igor e volto pro trabalho. mas isso não tem preço.

outra coisa que ajuda muito é o fato de eu estar morando a um minuto e meio do trabalho. ponto a favor da tranquilidade novamente, porque sei que, caso ele precise de mim, eu chego muito rapidamente.

além disso, graças a deus, a saúde ele, até agora, é ótima. sair de casa deixando um bebê sadio é muito fácil. quando ele tiver a primeira gripe, creio que não vou ficar tão em paz assim.

também tem o fato de que ele ainda não chora me pedindo pra ficar. mas isso, a maioria não enfrenta na volta ao trabalho, porque, geralmente, o filho tem por volta de 4 a 6 meses, mesmo.

agora, a razão pra advertência no começo do post: eu acho mesmo que, sem brincadeira, a coisa que me fez sentir menos incômodo na hora de voltar ao trabalho foi o fato de ter a consciência tranquila quanto à dedicação integral e exclusiva que dei a ele enquanto estive de licença.

muitas mães que hoje se lastimam por ter que voltar a trabalhar e se separar do bebê, quando estavam de licença e podiam e talvez até deviam ficar perto dele, em casa, estavam em festas, em clínicas de estética, salão de beleza e academia de ginástica, atrás da diversão, da boa forma e da autoestima perdidas. naqueles momentos em que estavam sendo pagas pelo inss para ficar com seus filhos, elas deram preferência a outras atividades, deixaram os bebês em casa com babá, mãe, sogra, irmã e, agora que têm a obrigação de ir trabalhar, o drama toma lugar com toda a força. será saudade ou culpa?

sei que ainda cometerei muitos erros nesta longa e difícil caminhada da maternidade. sei que, para algumas pessoas, a minha dedicação nesses meses iniciais pode ter parecido exagerada e descabida. pode ser. pode ser que eu esteja errando em meu julgamento quanto às mães que optaram por priorizar outras coisas na época da licença e não o faço quanto àquelas que souberam se dividir entre as próprias necessidades e os cuidados com o bebê, porque é saudável também cuidar de si e das relações com marido, amigas e família, mesmo estando de resguardo. (é o novo!!). o que eu aponto é o exagero. é aquele pessoal que, com um filho recém-nascido, não parava em casa, não trocava uma fralda, não fazia dormir, não dava um banho, não perdia um evento social e depois ficou bradando a saudade no momento em que não se tratava de escolha, mas, sim, de necessidade.

por isso, se você puder e quiser tomar um conselho, fique com seu filho. fique em casa. durma pouco, cuide muito. se entregue de verdade a essa tarefa de dedicação e carinho. a licença passa depressa. os bares, boates, salões de beleza e academia de ginástica podem ficar para depois. e o depois chega muito rapidamente. e o sentimento de culpa também.

domingo, 11 de abril de 2010

"não tenho paciência pra televisão..."

sempre adorei esse verso dos tribalistas. diz muito sobre a minha relação com a televisão, com os programar de televisão e com a atitude de ficar parado diante de um monitor qualquer, vendo qualquer tipo de video. porque minha restrição se estende também a filmes e vídeos do youtube, por exemplo.

desnecessário dizer que eu sempre falava que não ia deixar meu filho ver televisão, pelo menos até ele ter idade suficiente pra saber filtrar alguma coisa e pra não se viciar. porque é muito raro encontrar alguma coisa que preste, hoje em dia, pra se ver na tv, porque eu acho que uma criança tem muito mais atividades interessantes e saudáveis, como ler, brincar de bola, de bila, de lego, de uma série de coisas mais instrutivas e ativas do que a paralisia e passividade da atitude telespectativa.

com certeza, você e todos os leitores desse blog, a essa altura da leitura já adivinharam o desfecho da história, né? mas, com certeza, ninguém tem ideia do quanto eu me sinto, hoje, satisfeita por ter aberto mão do meu posicionamento anterior. e é só por isso que estou escrevendo esse post. para dizer às mães contrárias à televisão, como eu, que existe, sim, tanto em dvd como na tv por assinatura, uma programação boa para os bebês. programas que ensinam, que entretem e que fazem com que a criança se desenvolva mais.

claro, a disciplina, o limite, o bom senso não ficam dispensados de aplicação. o igor não fica mais do que uma hora por dia vendo tv. eu disse por dia. eu diluo esse tempo em 3 ou 4 vezes. xuxa só para baixinhos, baby tv, patati patatá, galinha pintadinha, balão mágico... ele adora as músicas.

e para quem, como eu, tem que submeter a criança a longas viagens de carro, indico demais o aparelho de dvd da tec toy, que você adapta no banco do carro, defronte à cadeirinha do bebê. com ele, o igor vai de fortaleza pra mossoró e volta, sem dar um pingo de trabalho. é a exceção ao limite de uma hora por dia.

por fim, um alerta: reserve um tempo para que você ouça suas músicas prediletas. caso contrário, você vai ficar como eu: martelando "bum bum, como é bom ser lelé" o dia inteiro na cachola.

sábado, 3 de abril de 2010

o sono

"durma, porque depois que o bebê nascer, nunca mais você vai dormir!!"
essa frase é uma das que as grávidas mais escutam. aliás, toda mãe que se preze tem que reclamar do cansaço, do sono acumulado, seja pra quem for. como meu irmão mais velho teve um problema logo que nasceu (hoje acreditamos que era intolerância à lactose), minha mãe sempre diz que ele passou 4meses chorando a noite inteira e que ela passou esses mesmos 4meses sem dormir. exageros à parte, o fato é que, com a chegada do bebê, as noites (e os dias!) nunca mais são as mesmas.

comigo, aconteceu que, nas oito primeiras noites depois do nascimento do igor, eu simplesmente não conseguia dormir, de tão excitada que fiquei com o fato de ter um bebê meu, de ter realizado o sonho de uma vida inteira e ter, enfim, me tornado mãe. na verdade, depois do parto, eu fiquei muito alterada, de tanta alegria. não conseguia controlar a verborragia, gesticulava muito e estava mais elétrica do que sempre fui.

fora isso, houve noites em que eu tive que ficar acordada com o igor, porque ele mamava muitas vezes, porque ele chorava com frio/calor (foi difícil entender o termostato dele) ou por qualquer outro motivo. sim, houve. também houve noites em que ele dormiu a noite inteirinha, mas eu acordei e levantei de hora em hora para ir até o berço checar se estava tudo bem com ele. sim, houve.

de modo geral, no entanto, desde que ele nasceu, assim que minha euforia foi contida e eu sosseguei, 8dias depois do parto, eu durmo, sim. não de forma ininterrupta e despreocupada, não sem hora pra acordar, mas há noites em que consigo dormir 4, 5h seguidas. levanto, olho se ele está bem e volto pra cama. durmo mais 2 ou 3h e, aí, sim, acordo para ver o sorriso mais lindo do mundo e o dia começa. outras noites, ele chora, eu tenho que alimentá-lo, ou dar remédio para gases ou abrir a casa e ir com ele até a varanda, balançar na rede para que ele volte a dormir. isso dura mais ou menos uma hora ou duas. cansa muito. há noites em que fico cochilando com ele no colo, enquanto ele toma a mamadeira. mas não é como me diziam: "NUNCA MAIS DORMIR". e, se tende a melhorar, creio que, em breve, vou estar dormindo mais ainda. e que vou dormir cada vez melhor, até o dia em que ele sair à noite pela primeira vez. com ele em casa, mesmo que tendo que levantar de vez em quando para atender a alguma de suas necessidades, consigo o descanso necessário para o meu dia seguinte. mas depois que ele ganhar o mundo com as próprias pernas, com certeza, viverei preocupada.

então, pessoas, digam às grávidas: aproveite a tranquilidade, porque, depois de ter filhos, você nunca mais vai saber o que é viver despreocupada. dormindo ou acordada, num mundo cheio de violência, drogas e outras mazelas sociais, acredito que a maioria das mães trocaria, feliz, duas ou três horas e até mesmo a noite inteira de sono pela certeza de que seu filho está bem, no quarto ao lado ou em qualquer outro lugar.