quinta-feira, 15 de abril de 2010

a volta ao trabalho

(ATENÇÃO: se você é do tipo que veste a carapuça e não sabe lidar com isso; se você é feminista e abomina qualquer atitude que lembre as mulheres de atenas; se você vai ficar com raiva do que estou expondo aqui como opinião pessoal NÃO CONTINUE LENDO ESSA POSTAGEM. clique no botão com um "X" ali no canto superior direito dessa página, tome uma água gelada e volte aqui só semana que vem, quando eu já deverei ter escrito sobre outro assunto menos polêmico, tá?)

depois de quase sete meses do nascimento do igor, eu voltei a trabalhar há 10dias. a retomada das atividades, no meu caso, implicou em muito mais do que o que acontece com a maioria das mães: como trabalho em outra cidade, tive que alugar apartamento, me mudar, deixar marido, mãe, família, a cidade que amo e na qual sempre morei por opção. o bebê veio comigo e fica em casa com a bia, em quem confio integralmente quanto ao tratamento amoroso que dedica a ele.

pois bem. não fosse por esse fato de mudar pra outra cidade, acredito que eu iria encarar meu primeiro dia de trabalho depois da licença maternidade com a maior naturalidade do mundo. pois, mesmo com tudo isso, não chorei, não houve drama, não fiquei na repartição contando os minutos pra voltar pra casa ou ligando de cinco em cinco minutos pra casa para saber do bebê e choramingar uma saudade sem fim.

para falar bem a verdade, voltar a produzir, a ver pessoas, a ser útil de alguma forma em termos profissionais e sair de casa todos os dias por algumas horas me trouxe um sentimento muito bom. é claro que, podendo, eu ficaria mais sete, quatorze, quarenta e nove meses em casa, esperando o marido para contar todas as novidades do dia do nosso filho tão amado.

mas o que eu quero dizer é que a volta ao trabalho não está sendo, para mim, o bicho de sete cabeças que sempre vi pintado nos depoimentos da maioria das mães com as quais convivo.

razões para isso? muitas. vamos a elas.

a primeira eu já comentei acima: tenho uma pessoa em quem confio muito e que cuida muito bem dele. isso garante a tranquilidade de sair às 7h40 e voltar às 15h20 sem o fantasma do abandono do filho à própria sorte. a bia me faz muita raiva com outras coisas, mas ela eu não vendo, não troco e não empresto.

a segunda é que meu trabalho é muito bacana. apesar de ser uma atividade burocrática, como servidora da justiça eleitoral, não tenho muita encheção de saco, pressão... consigo até vir em casa, rapidinho, na hora do almoço. chego, engulo a comida, dou um cheiro no igor e volto pro trabalho. mas isso não tem preço.

outra coisa que ajuda muito é o fato de eu estar morando a um minuto e meio do trabalho. ponto a favor da tranquilidade novamente, porque sei que, caso ele precise de mim, eu chego muito rapidamente.

além disso, graças a deus, a saúde ele, até agora, é ótima. sair de casa deixando um bebê sadio é muito fácil. quando ele tiver a primeira gripe, creio que não vou ficar tão em paz assim.

também tem o fato de que ele ainda não chora me pedindo pra ficar. mas isso, a maioria não enfrenta na volta ao trabalho, porque, geralmente, o filho tem por volta de 4 a 6 meses, mesmo.

agora, a razão pra advertência no começo do post: eu acho mesmo que, sem brincadeira, a coisa que me fez sentir menos incômodo na hora de voltar ao trabalho foi o fato de ter a consciência tranquila quanto à dedicação integral e exclusiva que dei a ele enquanto estive de licença.

muitas mães que hoje se lastimam por ter que voltar a trabalhar e se separar do bebê, quando estavam de licença e podiam e talvez até deviam ficar perto dele, em casa, estavam em festas, em clínicas de estética, salão de beleza e academia de ginástica, atrás da diversão, da boa forma e da autoestima perdidas. naqueles momentos em que estavam sendo pagas pelo inss para ficar com seus filhos, elas deram preferência a outras atividades, deixaram os bebês em casa com babá, mãe, sogra, irmã e, agora que têm a obrigação de ir trabalhar, o drama toma lugar com toda a força. será saudade ou culpa?

sei que ainda cometerei muitos erros nesta longa e difícil caminhada da maternidade. sei que, para algumas pessoas, a minha dedicação nesses meses iniciais pode ter parecido exagerada e descabida. pode ser. pode ser que eu esteja errando em meu julgamento quanto às mães que optaram por priorizar outras coisas na época da licença e não o faço quanto àquelas que souberam se dividir entre as próprias necessidades e os cuidados com o bebê, porque é saudável também cuidar de si e das relações com marido, amigas e família, mesmo estando de resguardo. (é o novo!!). o que eu aponto é o exagero. é aquele pessoal que, com um filho recém-nascido, não parava em casa, não trocava uma fralda, não fazia dormir, não dava um banho, não perdia um evento social e depois ficou bradando a saudade no momento em que não se tratava de escolha, mas, sim, de necessidade.

por isso, se você puder e quiser tomar um conselho, fique com seu filho. fique em casa. durma pouco, cuide muito. se entregue de verdade a essa tarefa de dedicação e carinho. a licença passa depressa. os bares, boates, salões de beleza e academia de ginástica podem ficar para depois. e o depois chega muito rapidamente. e o sentimento de culpa também.

2 comentários:

  1. Vc está certíssima, qdo voltei a trabalhar na licença do Gui tb não me senti culpada, pois o tempo que estava com ele me dedicava mesmo, decidi parar de trabalhar pq a empresa mudou pra longe e passaria muito tempo fora e o retorno não valia a pena. Agora qto a Rafa eu não trabalhava fora, mas agora como mudei a empresa de lugar tive que voltar a trabalhar, e não me sinto culpada não. Pq somos capazes de ser mãe e continuar com o nosso trabalho que tb é importante para o bebê, pois assim a condição que a gente pode dar tb é melhor né.

    bjks pra vc

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  2. concordooooooooooo em genero numero e grau...
    alias, vc sabe, né?
    sou do time das amélias q acha q até certa idade da(s) criança(s) a mãe tem é q ficar em casa curtindo e ensinando, educando e amando integralmente.

    mas entendo seus motivos q te levaram a voltar ao trabalho...
    e nao julgo, vc sabe.

    amotu
    sincera assim

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